Igreja de Santa Maria do Mourão

Tentúgal

Foi mandada edificar pelo Infante D. Pedro, Duque de Coimbra e senhor donatário da vila, por volta de 1420. Foi sendo alterada ao longo de vários séculos. D. João I, a 11 de Janeiro de 1417, doou Tentúgal a seu filho, D. Pedro, incluindo o padroado da Igreja, ou seja, os dízimos. A Igreja antiga ainda existia como paróquia, mas alguns anos depois, D. Pedro mandou construir uma nova, de grandes dimensões.

Ignora-se se terá sido após a construção do novo templo que a Igreja passou a ser Priorado. Há noticia de um Prior, falecido antes de 1434, de nome António de Vasconcelos e que foi sepultado no Convento velho de S. Domingos de Coimbra. Assim, a Igreja teve Reitor até 1288, depois Vigário até 1420 e a seguir Prior. Confiscados aos bens a D. Pedro, passou o padroado da Igreja para os Reis e, depois, por carta de troca, efectuada a 28 de Julho de 1476, para D. Álvaro, filho do Duque de Bragança. A um filho deste, Rodrigo de Mello, concedeu o Papa Paulo III, pela Bula de 2 de Dezembro de 1541, duas terças partes dos rendimentos desta Igreja para com eles instituir benefícios simples. Esta situação manteve-se até à extinção dos Padroados em 1833.

A ela esteve associada a Confraria de Nossa Senhora da Assunção e Mártir S. Sebastião. Foi a segunda confraria mais rica de Tentúgal. O Livro da Confraria apresenta informações importantes sobre a sua fundação e história: foi criada e ordenada pelas principais pessoas de Tentúgal, para que em seu louvor se celebrassem os ofícios solenes e se festejasse o dia "com todas as festas". Juntou-se-lhe a Confraria do Mártir S. Sebastião, uma vez que o prior era seu devoto, para além de existir na Igreja uma relíquia daquele mártir. Os Capítulos da instituição foram aprovados pelo Bispo-Conde D. João Galvão, a 11 de Junho de 1556. A eleição dos confrades que administravam era sempre realizada no domingo seguinte à festa de Nossa Senhora da Assunção, onde se elegia um juiz, um regedor, um escrivão e um capelão.

A instituição da Confraria teve lugar em Tentúgal a 8 de Agosto de 1555, dez anos depois da construção do retábulo do altar-mor, cujo orago é Nossa Senhora da Assunção, datado de 1545. Além do que estava estabelecido nos Estatutos e Compromisso, os administradores decidiram, a 1 de Janeiro de 1559, rezar uma missa todas as segundas-feiras, no altar de S. Sebastião onde estava a relíquia. Este altar estava situado provavelmente no lugar onde está hoje a Capela de Nossa Senhora do Rosário. A imagem do mártir esteve durante séculos num nicho do referido altar e no início do século XX foi vendida pelo Prior, que a substituiu por uma imagem moderna de terracota.

A 26 de Agosto de 1570 foi decidido que se devia rezar missa no dia em que algum deles falecesse. O primeiro acordão foi assinado por Jorge Moniz e o segundo por Jerónimo Moniz, Braz Lobo e Pedro de Carvalho. No livro da Confraria aparece também a lista de confrades em que entraram em 1555, um dado muito importante porque enumera as principais famílias de Tentúgal em meados do século XVI, muito antes dos livros de registos paroquiais (1577). Esta confraria foi anexada à do Santíssimo por Provisão ou Alvará do Príncipe Regente D. João, de 20 de Setembro de 1800 (?).

Intervenções da DGEMN: 1948 - reconstrução de telhados; 1960 - substituição do tecto da capela-mor, pavimentação, arranjo das capelas laterais, reparação da escada exterior de acesso à torre; 1963 - reparação de rebocos interiores, da teia do coro e do vitral da capela-mor; 1995 - obras de recuperação de coberturas; 1996 - reconstrução de rebocos exteriores, drenagens; 1997 - consolidação do coro-alto, reparação e limpeza dos tectos da nave e capela-mor; restauro e conservação de pinturas em tela e tábua; 1998 - obras de beneficiação interior: reparação do tecto da capela-mor e respectiva estrutura de suporte, conservação do zimbório da capela da Epístola, substituição do fuste das colunas de suporte do coro-alto, etc.

Planta longitudinal com uma nave, coro-alto e capela-mor. Frontaria com porta de arco quebrado formado por duas molduras contínuas sem capitéis, encimada por um pequeno óculo. Á esquerda, ligeiramente recuada, torre quadrangular. No interior, na nave, abrem-se através de arcos duas capelas de cada lado. A capela-mor também é ladeada por duas capelas colaterais.

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