Montemor-o-Velho viaja até 1450 para jantar com D. Isabel de Urgel

No dia 20 de julho, a partir das 17h30, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos, em Montemor-o-Velho, vai ser o palco principal da reconstituição de uma Ceia Quatrocentista. Os participantes vão ser desafiados a viajar até circa 1450 e desfrutar de um surpreendente banquete na companhia da mui nobre senhora D. Isabel de Urgel, Duquesa de Coimbra, Senhora de Montemor-o-Velho e viúva do Infante D. Pedro, da sua mui casta filha Infanta D. Catarina.
A Ceia Quatrocentista inicia-se com o chamamento dos convivas, às 17h30, seguindo-se a indumentária dos convivas per ofícios de boca, visita à casa conventual e igreja, cavalgada pelos arrabaldes, não faltando, durante o mui apetitoso repasto, a aparição de personagens de insigne origem, de dúbia proveniência e de feição jocosa, assim como haverá mui aparatoso folguedo per o deslumbramento de todollos.
A iniciativa “Ceia Quatrocentista – Uma noite com D. Isabel de Urgel | Circa 1450” é uma organização do município de Montemor-o-Velho e conta com várias parcerias.


A Ceia Quatrocentista – Uma noite com D. Isabel de Urgel | Circa 1450

Programa:
17h30 | Chamamento dos convivas
18h00 | Indumentária dos convivas per ofícios de boca
18h30 | Visita à casa conventual e igreja
19h30 | Cavalgada pelos arrabaldes
20h30 | Banquete com a mui nobre senhora D. Isabel de Urgel, Duquesa de Coimbra, Senhora de Montemor-o-Velho e viúva do Infante D. Pedro, com sua mui casta filha Infanta D. Catarina
21h00 | Personagens de insigne origem, de dúbia proveniência e de feição jocosa deambularão por entre os convivas
22h30 | Mui aparatoso folguedo per o deslumbramento de todollos

Ementa:
Para começar | Vinho vermelho, vinho branco, auga da cisterna, taboinhas com queijos frescos e secos, enchidos, morcelas, porcus presunctus, empadas atochadas de pescado, empadas atochadas de leguminas, picadinho de vaqua, galinha mourisca, assado de javali, outras viandas, pam meado e pam alvo
Serviço de cozinha | Potage de leguminas, porco assado em espeto, puré de maçã e castanha
Manjares doces | Perada, tigelada, ovos de fio, púcaros de natas com frutos secos, bacios de fruta verde e bocadinhos de queijo fresquo


Preçário e informações para reservas:
Preçário | + 12 anos_25€; 6 aos 12 anos_12,5 €; - 6 anos_grátis
Informações e reservas | 912 476 004 ou 239 687 040; Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. ou Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

 
Organização:

Município de Montemor-o-Velho

Parcerias:
Casa do Povo de Abrunheira
Centro Beira Mondego Santo Varão
Centro Cultural Recreativo e Desportivo do Moinho da Mata
Centro Equestre do Concelho de Montemor-o-Velho
Centro de Iniciação Teatral Esther de Carvalho
Clube Moto Meãs
Clube União Musical Recreativo Gatoense
Filarmónica de Instrução e Recreio de Abrunheira
Grupo Cénico e Amador da Portela
Grupo Folclórico da Associação Cultural Desportiva e Recreativa de Meãs do Campo
O Celeiro Grupo de Teatro da Vila de Pereira

Apoio: Paróquia de Montemor-o-Velho

 
Informações complementares:
 
[MONTEMOR-O-VELHO NO SÉCULO XV]
Nas palavras da insigne historiadora Maria Helena da Cruz Coelho, com o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra e filho de D. João I, se identificou Montemor, até à sua morte, dele colhendo os maiores benefícios, ainda que tivesse igualmente de lhe pagar tributos e prestar serviços. (…) Promoveu o embelezamento artístico das igrejas da vila de montemor. Drenou pauis e regularizou os cursos de águas, com obras de valas, para que as terras amadurecessem em frutos. (…) Nem menos deixou o infante de incentivar a dinâmica comercial deste espaço, já que, a seu rogo, D. João I e o herdeiro do trono D. Duarte, por carta saída de Santarém, a 19 de fevereiro de 1426, concederam que se realizasse uma feira anual em Montemor. Começava a mesma a 1 de setembro e durava 15 dias, sendo privilegiada com o pagamento de apenas meia sisa. (…) Se os homens de Montemor terão beneficiado em vida com a presença muito próxima deste senhor, depois regente do reino, alguns deles também a seu lado estiveram na batalha de Alfarrobeira. (…) Nem todos os que o seguiram terão, porém, conhecido a morte. Mas os que conseguiram sobreviver conheceram de igual modo a dor e a desgraça (…). D. Afonso V não retirou o senhorio da terra de Montemor à viúva do infante D. Pedro, D. Isabel de Urgel. D. Isabel de Urgel era tia e sogra de D. Afonso V, e por essa via, Montemor-o-Velho manteve o seu estatuto privilegiado no Reino de Portugal.
 
[CONVENTO DE NOSSA SENHORA DOS ANJOS]
Esta casa conventual teve a sua origem numa pequena ermida pertencente a Diogo da Azambuja. Em 1494, o Papa Alexandre VI passou o breve da fundação do Convento dos frades eremitas de Santo Agostinho, sendo o seu principal impulsionador Diogo da Azambuja. As obras foram lentas, sendo a igreja a primeira a ser construída. No século XX foi classificado como Monumento Nacional e intervencionado. Planta composta pela igreja, sacristia, cozinha, refeitório, claustro, sala do capítulo, celas, portaria, outras dependências, bem como o túmulo do seu fundador, Diogo de Azambuja, situado no altar-mor da igreja, tesouro da arte tumular portuguesa.
 
 
[AS PERSONAGENS DA NOITE]
 
[D. Isabel de Urgel]
Nascida em Aragão, sabemos dela ser forte, determinada e esclarecida. Sendo mãe da sua mulher que sobre todos amo(ava) e preço(ava), D. Afonso V, numa carta datada de 1450 e dirigida ao alcaide-menor de Montemor, Martim Correia, comunica-lhe que a Infanta D. Isabel de Urgel, estava autorizada a morar nos paços do castelo. Em 1452, o rei determinava que a sua sogra tivesse nas Vilas de Montemor-o-Velho e Tentúgal, a mesma jurisdição de que dispunham os infantes nas suas terras. D. Isabel de Urgel era detentora de selo próprio, dominava a escrita, a leitura e as línguas, a ver, o catalão, o português e o latim. Como senhora da Vila de Montemor-o-Velho, D. Isabel de Urgel muitas vezes rogou ao monarca ofícios para os seus vassalos, conseguindo-o, granjeando de grande poder, quer monetário, quer político.
[Infanta D. Catarina]
Autorizada a viver com sua mãe no paço real, a infanta frágil ambicionou em ser forte e determinada como a mãe. Colecionava no seu imaginário as histórias das suas ancestrais, sonhando fazer mais e melhor pelas terras de montemor. Sobre o amor que o seu pajem Álvaro Anes lhe devotou apenas pensou ser lealdade.
[Inês do Monte]
A Sonhadora aia de D. Isabel de Urgel. Inês do Monte, nascida na vetusta Vila de Tentúgal, do alto do paço real, olhando os férteis campos do Mondego sonhou muito. Sonhou em ser parteira, guerreira, viajante. Ouve falar da história de Joana D’Arc e emociona-se. Pedia que sua senhora D. Isabel lhe lesse ao serão para que deste modo o seu sonho continue.
[Pero Vasques]
O pajem troca-tintas de D. Isabel de Urgel. Não se sabe de onde veio e para onde foi. Permaneceu na sua vida o mistério. Acompanhado de um bom vinho vermelho, tinha sempre uma boa história para contar. Histórias da sua vida contadas à luz da candeia, que tanto tinham de longas como de fantásticas. De tão fantásticas que são, chega a morrer em algumas.
[Álvaro Anes]
O eterno pajem apaixonado da Infanta D. Catarina. Secreto pretendente da Infanta D. Catarina, o pobre rapaz viveu suspirando pelo seu amor pelos recantos do paço real. Eterno trovador, canta na solidão, Gil Sanches:
Tu, que ora vens de Montemaior,
tu, que ora vens de Montemaior,
digas-me mandado de mia senhor,
digas-me mandado de mia senhor;
ca se eu seu mandado
nom vir, trist'e coitado
serei; e gram pecado
fará, se me nom val;
ca em tal hora nado
foi que, mao-pecado!
amo-a endoado,
e nunca end'houvi al!
 
Tu, que ora viste os olhos seus,
tu, que ora viste os olhos seus,
digas-me mandado dela, por Deus,
digas-me mandado dela, por Deus;
ca se eu seu mandado
nom vir, trist'e coitado
serei; e gram pecado
fará, se me nom val;
ca em tal hora nado
foi que, mao-pecado!,
amo-a endoado,
e nunca end'houvi al!

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